segunda-feira, 30 de abril de 2012

Dungeons and Dragons: Tradução de Resenha Histórica.


O texto abaixo é uma tradução de uma antiga resenha, feita por Arnold Hendrick, que é um autor relevante entre os wargamers.
O texto foi desencavado pelo Igor, e a tradução foi feita pelo Brega (eu).
A idéia é ajudar a disponibilizar a história do RPG, inclusive repassando como era visto por outros gamers em seu primódio.
O texto é de 1974, e apesar de achar várias referências ao mesmo, não localizei a publicação original.
Segue:
------

Rules Review: 
Por Arnold Hendrick


Dungeons & Dragons de Gary Gygax & Dave Arneson (resenha de Arnold Hendrick)
Três volumes de capa mole, totalisando 112 páginas, com cinco fichas de personagem

Disponibilizado por Tactical Studies Rules, 542 Sage Street, Lake Geneva, WI. 53147 por $10,00
Com o subtítulo “Regras Para Campanhas de Wargames Medievais com lápis, papel e miniaturas”, estes livretos buscam delinear um sistema para “jogar” o tipo de aventuras de fantasia que antes poderiam ser lidas em livros. O conceito é marcadamente interessante, já que a mesma pessoa interessada em se ver enfrentando um Napoleão ou Manstein*1 também poderá achar agradável a similaridade com Conan ou John Carter.

O “Jogo” realizado por vários aventureiros e um árbitro. Os jogadores, que começam próximos da absoluta ignorância, devem se aventurar pela natureza à sua volta, ou em masmorras e câmaras subterrâneas nas proximidades. O árbitro é informado de cada ação, e após consultar os mapas que tiver produzido, as tabelas e informações básicas dos livretos, bem como sua própria imaginação, dá ao jogador uma resposta. Aqueles que se lembram de “Modern Warfare in miniature” de Korn, verão os paralelos, apesar das regras de Korns*2 serem melhor amarradas. Aqui, introduções são feitas nas mais diversas àreas de interesse: finança, magia, habilidades de luta, línguas e monstros dos mais diversos tipossão descritos (de goblins, orcs, gigantes e dragões para mais esotéricos manticoras, quimeras, wyverns, além de múmias hollywoodianas, vermes púrpuras, babas verdes, melecas acinzentadas e gelatinas negras.

No geral, se tentaram fazer coisas demais nestes livretos, com muitos poucos detalhes, explicações ou procedimentos. “Chainmail”*3 é a referência para combates pessoais, mas as características de dano múltiplo dos personagens neste jogo não se encaixam com os confrontos de vida-ou-morte do original, nem fornece uma pista dos efeitos de um míssil mágico, exceto que a habilidade normal de quem dispara se estende para o alcance máximo do disparo, com restrições e opções especiais como as permitidas nas regras da seção de multi-fuguras de “Chainmail”. O resultado é uma bagunça de interpretações que testam a paciência de gamers ao extremo. Pior, combate pessoal é a área que recebe maior atenção, e as coisas vão ladeira abaixo a partir daí.

Jogar pessoalmente é usualmente impossível, já que o árbitro só poderá mostrar ao jogador o que o aventureiro o terreno que ele estiver cruzando naquele instante mais o que quer que ele tenha em seu raio de visão. Apenas grandes batalhas são adequadas para tabuleiros. A solução mais óbvia parece se jogar por telefone, ou, quando as distâncias forem realmente grandes, por carta. Para aqueles sem gasolina para visitar amigos wargamers, ou sem carro, Dungeons and Dragons pode ser bastante interessante, apesar disso. Por exemplo, em uma aventura teste recentemente concluída, o Acolyte Dorn da vila de Thane se aventurou pelas ruínas de Takator, optando por uma aventura em uma masmorra no subterrâneo ao invéz de uma expedição na natureza selvagem. Após encontrar várias portas que sua força não permitia mover, ele finalmente abriu uma em que estavam quatro ghouls, que se lançaram em sua direção. O bem equipado Dorn (com malha, escudo, lança e besta) teve permissão do gentil árbitro para atirar e então atingiu o primeiro com uma lança; Sendo hábil com armas e outras coisas, Dorn derrubou dois dos ghouls, mas foi tocado então pelo terceiro, uma ciscunstância que o petrificou, enquanto os ghouls agiam matando Dorn e com isso transformando-o em um ghoul. Mais sorte na próxima vida!

Além dos problemas envolvidos no jogo (encontre um árbitro intrépido), o outro fator desencorajador é o preço. Estes livretos podem ser comparáveis a “The Courier”*4 em qualidade física, mas $3,50 para cada livreto cada livreto é um preço alto. Pior, todos os três são necessários. Os gráficos, considerando o formato, são decentes, com algumas excelentes ilustrações, mas algum espaço poderia ser poupado sem comprometer a aparência.

No geral, o conceito e imaginação são atordoantes. Entretanto, muito mais trabalho, refinamento, e especialmente regularização e simplificação são necessários antes do jogo se tornar manuseável. Os objetivos estão altos demais, ao mesmo tempo que se espera do árbitro coisas demais em comparação aos jogadores. Se você necessita de ideias para ajudarem suas próprias aventuras em jogos de fantasia, estes livretos serão úteis; senão seus dez dolares serão desperdiçados. Eu não recomendo o jogo para os típicos wargamers.

*1Erich von Manstein foi um importante estrategista alemão na Segunda Guerra Mundial)

*2 “Modern War in Miniature” de Michael F. Korns, salvo engano publicado em 1966, em algumas versões com o subtitulo “a statistical analysis of the period 1939 to 1945” pela editora M&J Independent Research Co.

*3 Aqui ele está citando o livro “Chainmail” do tio Gary, de 1971, creio. Não sou um bom conhecedor de DeD, mas me parece que foi o livro usado como base para Dungeons.

*4 Creio que aqui ele se refira a uma revista sobre wargames de mesmo nome.

Imagens:
Imagem da caixa do primeiro DeD. Segundo o site nerdapproved, estava sendo vendida por 2500 doletas. Um belo investimento, não?

Imagem da resenha original, que pode ser lida mais facilmente neste link de um forum, " Gary Gygax. Lord of The Nerds"

Capa de 1966 do livro citado de Michael F. Korns

Terceira edição do antigo livro de Gary Gygax e Jeff Perren.

Capa de uma edição da revista "The Courier".

Brega, com a ajuda do Igor.
Ps: Podem surgir discordâncias referentes à tradução, e se existirem, por favor avisem a gente.
Ps2: Se alguém for reproduzir a presente tradução, por favor, não deixa de linkar o site de onde retiraram a mesma.


3 comentários:

  1. é interessante saber como eram os rpg's em sua gênese e como eram vistos.
    se 10 dolares era muito, o q será q ele diria dos preços dos rpg's de hj em dia

    ResponderExcluir
  2. Igor e Brega, Parabéns, adoro ler material sobre a história do RPG que ainda não vi! E muito bom para a nova geração conhecer um pouco sobre as origens do jogo.

    Abs

    Luciano Tolkien

    ResponderExcluir
  3. Quem desencavou essa resenha foi o Igor, eu só traduzi.

    Se quiser eu tenho o Modern War, mas ainda não li.
    O ChainMail, acho, você tem, mas se não tiver, eu consegui tbm.
    Abraços

    El Brega

    ResponderExcluir